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Estudo analisa relação entre desnutrição, dengue e saneamento básico

O trabalho foi desenvolvido pelo engenheiro sanitarista e ambiental Igor Nogueira de Oliveira, no curso de especialização em Sustentabilidade na Construção Civil.

Foto: Portal Cabangu
“Impacto das Condições de Saneamento no Município de Santos Dumont na Mortalidade e Desnutrição Infantil e na Incidência de Dengue”  foi o tema desenvolvido pelo engenheiro sanitarista e ambiental Igor Nogueira de Oliveira, para a conclusão de curso da especialização em Sustentabilidade na Construção Civil. 

O estudante, que reside em Santos Dumont, decidiu pesquisar o tema para avaliar o quanto a implantação e ampliação das redes de abastecimento de água e esgotamento sanitário, além dos serviços de coleta de resíduos sólidos, impactaram em alguns indicadores de saúde. Segundo ele,  a medida em que a proporção da população atendida pelos serviços de saneamento básico aumenta, reduz-se na mesma proporção os indicadores de saúde utilizados. 

Igor usou como indicadores  a proporção de crianças menores de dois anos desnutridas e a taxa de incidência de dengue na população. Esses dados foram correlacionados com os percentuais de atendimento à população dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de resíduos sólidos, que representam o grau de exposição definido no estudo ecológico, parte integrante da Epidemiologia. Ele concluiu que o aumento da população atendida por este serviço contribuiu de forma positiva para a redução da proporção de crianças desnutridas. 

Segundo Igor, ao se analisar a literatura, pode-se verificar que a ausência ou a intermitência dos serviços de abastecimento de água tem uma relação com o aumento de casos de doenças do sistema digestivo, tais como diarreias, além da ocorrência de verminoses, uma vez que as pessoas vão em busca deste bem em surgências e poços manuais muitas vezes de qualidade duvidosa. “Neste cenário, as crianças, que ainda não possuem o sistema imunológico desenvolvido, são as que mais sofrem com esta situação. Um dos dados que causou surpresa foi a oscilação negativa da proporção da população atendida pelo serviço de abastecimento, que se encontrava em 89,27% até o ano de 2014 e nos dois anos seguintes observou-se uma redução para em torno de 76,00%, cujas causas precisam ser investigadas em campo”.

Já com respeito a relação entre a Taxa de Incidência de Dengue e a proporção da população atendida pelos serviços de abastecimento de água, segundo a literatura, possui uma justificativa parecida com a da correlação anterior: com a intermitência ou ausência do serviço de abastecimento, as pessoas acabam por coletar água de meios alternativos e armazenando de forma inadequada em recipientes desprovidos de vedação, o que torna o criadouro ideal para mosquitos vetores de doenças.

Para o engenheiro sanitarista, ainda há muito o que melhorar no município quanto ao tema saneamento básico. Segundo ele, nos próximos anos, serão necessários esforços para que o recentemente aprovado Plano Municipal de Saneamento Básico seja efetivamente cumprido, pois o estrato populacional que mais sofre com a falta de saneamento, em alguns locais, são as crianças e este fato afeta de forma muito grave o crescimento e a qualidade de vida atual e futura destes seres humanos. “Outro aspecto observado foi que a intermitência ou ausência do serviço de saneamento é outro grave problema que deve ser sanado, pois obriga a população a obter água por meios alternativos e de qualidade duvidosa, o que contribui para a redução da qualidade de vida, além de proceder o armazenamento de forma inadequada, transformando os reservatórios improvisados em berçários para vetores de doenças", conclui.

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