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IF Sudeste MG faz homenagem ao Dia Internacional da Enfermagem

Instituição forma centenas de profissionais da área e traz relatos de quem agora está na linha de frente do combate à pandemia

Atividades práticas em SJDR- 2013Na guerra contra a COVID-19, eles são a linha de frente. Chamados hoje de “heróis de jaleco” os enfermeiros, assim como todos os profissionais de Saúde, vem sendo aplaudidos ao redor do mundo pelo trabalho no enfrentamento a pandemia.

Esse ano, definido pela Organização Mundial da Saúde como “O Ano da Enfermagem”, quando também celebra-se os 200 anos do nascimento de Florence Nightingale, matriarca da Enfermagem moderna, e dos 130 anos da enfermagem brasileira, deveria ser de comemoração, mas tornou-se o ano em que profissionais encaram um dos maiores desafios de sua carreira e da humanidade no último século. 

Dia 12 de maio é celebrado o Dia Internacional da Enfermagem e o IF Sudeste MG presta a devida homenagem aos enfermeiros com relatos sobre os desafios da profissão em meio ao coronavírus, escassez de recursos e turnos dobrados de trabalho.

No Brasil, são mais de 558 mil enfermeiros, 1,3 milhão de técnicos e 417.540 mil auxiliares de Enfermagem, totalizando quase 2.300.000 profissionais de Enfermagem. Somente o Curso Técnico em Enfermagem do IF Sudeste MG - Campus São João del-Rei formou em 10 anos, em torno de 300 técnicos. Curso mais antigo do IF Sudeste MG, o Campus Barbacena também forma profissionais da área, com mais de 290 técnicos ao longo da última década. O curso existe desde 2.000. “São profissionais que eram nossos alunos, que saíram das nossas carteiras e estão espalhados pelo Brasil na luta pelo controle da pandemia”, orgulha-se Professora Isabella Moraes Campos, docente da área e coordenadora do Comitê Local de Enfrentamento da COVID-19.

Segundo Isabella, por estarem em contato direto com os pacientes, também são os mais acometidos pela doença. Até 7 de maio, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) informou que 98 profissionais de Enfermagem haviam sido vítimas da Covid-19 e que 10 mil estavam com suspeita da doença no Brasil. No mundo, mais de 260 profissionais já morreram, de acordo com o Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN), e 90 mil estão infectados. “Esses números são alarmantes, principalmente porque a pandemia está longe do seu fim...”, lamenta a professora.

Élida Ferreira Torga Rosa, aluna egressa do curso de Formação Pedagógica para enfermeiros do Campus SJDR, é umas das profissionais que estavam na linha de frente dessa luta no Grande Trauma do Hospital Geral de Roraima, na capital em Boa Vista. No entanto, por causa do COVID-19 teve que sair. “Como eu não tinha com quem deixar meus filhos e minha filha caçula é do grupo de risco eu não podia comprometer a saúde dela, visto que aqui no estado de Roraima o sistema de saúde é muito precário”, explica Élida.

Como o marido é militar e continua trabalhando, Élida não tinha com quem deixar os filhos para trabalhar no hospital. “Essa situação me deixou triste porque eu sou especialista em Urgência e Emergência”, revela. No período em que ainda estava trabalhando conta que o hospital não contava com um número de leitos de UTI suficientes e trabalhava com cerca de 20 pacientes no trauma em ventilação mecânica invasiva aguardando vaga no CTI. Outro gargalo na região é o atendimento a imigrantes venezuelanos que, vivendo em situações precárias, somam-se as filas de brasileiros em busca de tratamento. Também é o único para atendimento da população indígena. O Estado tem 1.295 casos confirmados e 24 óbitos.

“O Grande Trauma, apesar de não ser referência para o Covid-19, já conta com oito profissionais contaminados. Quando eu estava trabalhando, eu comprava meus EPIs pois senão os pacientes ficavam sem banho. Fui pessoalmente ao Conselho de Enfermagem (regional) conversar com o presidente”, declara a enfermeira, ressaltando as condições de trabalho precárias que muitos profissionais enfrentam em todo país. Élida ainda lembra que a compra de ventiladores mecânicos não é suficiente para solucionar a crise da COVID-19, quando faltam materiais básicos como seringas, medicamentos básicos, cateteres entre outros e finaliza: “para muitos vai ser apenas uma "gripe", mas para outros uma perda para eternidade”.

 

Atuação local

O IF Sudeste MG não só projeta profissionais técnicos de Enfermagem para diversas regiões do país, como tem muitos egressos que estão bem perto, cuidando da comunidade local a qual a instituição se insere.

É o caso de Juliana Paula da Conceição, Nidia Pamela dos Santos, Tiago Alex Costa Silva. Juliana trabalha na Unidade de Pronto Atendimento de São João del-Rei desde 2012. Já Nídia e Tiago trabalham ambos no Hospital Nossa Senhora das Mercês, na mesma cidade.

Para Juliana, mesmo com oito anos de atuação, nunca imaginou passar enquanto profissional pelos desafios impostos pela pandemia de COVID-19. Portadora de doença autoimune, nem o fato de fazer parte do grupo de risco a impediu de exercer os cuidados com o outro que ela considera uma missão. “Todos dias é um desafio novo. Ficamos preocupados em cuidar do paciente em totalidade, mas também preocupamos em nos mantermos seguro, pois, sem dúvida, nosso maior medo é nos contaminar e levar esse vírus pra dentro de nossas casas para aqueles que nos amam e aguardam nosso retorno em segurança”. Segundo a técnica de Enfermagem o lado positivo dessa crise é ver que a categoria sendo mais valorizada e reconhecida por seu trabalho. “Sofremos muito por cada vida perdida, principalmente de colegas de profissão na frente desse combate. Mas, nosso coração se enche de alegria e esperança por cada vida que volta pra casa.

Um misto de medo e compaixão é a tônica que vem regendo o trabalho dos profissionais em tempos tão adversos. Nídia trabalha na UTI do Hospital Nossa Senhora das Mercês e acredita que a união entre os profissionais será o caminho para todos saírem mais fortalecidos pós- pandemia. “ Não somos nada sozinhos somos uma equipe... estamos dispostos e de cabeça erguida pra aceitar o que vier pela frente, colocamos em nossa cabeça que não estamos sozinhos, estamos hoje, mais do que nunca, unidos em único objetivo que é salvar vidas, inclusive as nossas, estamos nos cuidando e nos protegendo, porque sabemos da nossa importância para os enfermos, para nós mesmos e para as pessoas q amamos.

Tiago também relata esses medos e as preocupações ainda maiores com o uso de EPIs, higienização rigorosa das mãos somado a ter que lidar com as angústias vividas pelos pacientes para uma patologia nova cuja cura ou vacina ainda é desconhecida pela ciência.  Outro ponto que Tiago reforça é o quão importante é a prática do isolamento social e a prevenção de toda a comunidade. “Nós, profissionais da saúde, nos sentimos desrespeitados quando encontramos pessoas nas ruas sem máscara, desacreditadas, sem ideia do que está acontecendo, confrontando a ciência, pois é a partir desse ideal que contribui para o aumento de casos e consequentemente a superlotação dos hospitais. Peço que todos cumpram as medidas preconizadas pelo Ministério da Saúde, e que fiquem em casa”, alerta.

Já em Barbacena, apesar da conjuntura, Márcia Aparecida Alves, que trabalha no Hospital do Ibiapaba Cebams desde 2019, reafirma que trabalhar na área é um sonho realizado “Formar no IF reforçou ainda mais esse sentimento, uma vez que a Instituição é incomparável e os profissionais são inteiramente comprometidos e inspiradores”, garante. Quanto a rotina pós pandemia, a profissional cita um cuidado redobrado no ambiente de trabalho e o sentimento de se sentir uma ferramenta essencial nessa batalha. “Não está nos planos de nenhum profissional recém formado se deparar com uma situação a qual estamos passando, porém prefiro pensar que em tempos de pandemia minha contribuição como profissional se torna extremamente importante uma vez que além de desenvolver minha rotina já estabelecida, percebemos o quanto somos importantes dentro do local de trabalho”.

 

O cuidado para quem cuida

 “Vivemos um momento desafiador”, resume a coordenadora do curso Técnico em Enfermagem do Campus São João del-Rei, Professora Angélica Amarante Terra.

Angélica ressalta que durante sua formação, os técnicos de enfermagem recebem orientações sobre como superar o estresse no ambiente de trabalho. O esgotamento profissional causado por tensões vividas no ambiente de trabalho aumenta o risco de adoecimento e insegurança para realizar procedimentos diante da crise. “É necessário um suporte social para o enfrentamento focalizado no problema com apoio psicológico e busca por ruptura no ciclo angustiante vivido nas situações de trabalho”, reforça a professora. Uma solução seria a criação de espaços de convivência nos locais de trabalho que permitam momentos de relaxamento e tranquilidade diante do tamanho efeito emocional que os turnos intensos de trabalho durante a pandemia podem causar.

Neste aspecto, para minimizar essa realidade, o IF Sudeste MG vem trabalhando com o apoio a projetos de Extensão aprovados do Edital 06/2020 da Pró-Reitoria de Extensão, que desenvolvem máscaras e roupas adequadas a serem fornecidas aos profissionais de saúde de São João del-Rei e região. “Estamos desenvolvendo várias iniciativas para passarmos por esse grave momento da humanidade de forma um pouco mais amena. Nós, enfermeiros e professores do IF Sudeste MG – Campus São João del-Rei, não fugimos da luta e também estamos trabalhando para isso” conclui a coordenadora do Comitê Local de Enfrentamento da COVID-19.

 

Sobre o Dia Internacional da Enfermagem

Dia 12 de maio comemora-se mundialmente o Dia da Enfermagem e o Dia do Enfermeiro, em homenagem a Florence Nightingale, marco da enfermagem moderna no mundo e que nasceu em 12 de maio de 1820. No Brasil, além do Dia do Enfermeiro, entre os dias 12 e 20 de maio, comemora-se a Semana da Enfermagem, data instituída em meados dos anos 40, em homenagem a dois grandes personagens da Enfermagem no mundo: Florence Nigthingale e Ana Néri, enfermeira brasileira e a primeira a se alistar voluntariamente em combates militares.

A profissão tem origem milenar e data da época em que ser enfermeiro era uma referência a quem cuidava, protegia e nutria pessoas convalescentes, idosos e deficientes. Durante séculos, a enfermagem vem formando profissionais em todo o mundo, comprometidos com a saúde e o bem-estar do ser humano.

 

Fontes da matéria:

 Ministério da Saúde- www.saude.gov.br

Cofen- www.cofen.gov.br

 

Texto: Coordenação de Comunicação do Campus SJDR

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