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Home office veio pra ficar: professoras explicam como adaptar um ambiente de forma agradável e ergonômica

Márcia Moreira Rangel e Sabrina Ferretti do Amaral, do Núcleo de Design do Campus JF, comentam sobre o assunto e orientam sobre as adaptações necessárias para um melhor desenvolvimento do trabalho remoto.

O desenvolvimento e o maior acesso às mídias digitais propiciou a flexibilidade do modelo de trabalho tradicional. Sendo assim, as atividades exercidas de forma remota, assim como o estudo à distância, antes do advento da pandemia, já angariavam cada vez mais adeptos. Com a imposição das medidas de isolamento social e a necessidade de grande parte da população de desenvolver as atividades remotamente, o escritório em casa ou home office se consolidou. A necessidade de adaptar espaços para o trabalho remoto residencial fez as pessoas irem ao mercado para comprar peças de mobiliário adequadas. As professoras Marcia Moreira Rangel e Sabrina Ferretti do Amaral, do Núcleo de Design do Campus Juiz de Fora, falam sobre as adaptações de ambientes para o home office e dos móveis de escritórios, além de avaliar as tendências do setor.

Uma pesquisa realizada em 2020 pela FIA Employee Experience (FEEx) apontou que 90% das empresas aderiram a alguma modalidade de trabalho remoto, em um grupo de 213 que responderam ao questionário. Já na administração pública, em dados levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), também no ano passado, 40,7% dos servidores de órgãos federais trabalhavam em regime de home office, enquanto nos estados o percentual foi de 37,1% e nos municípios, 21,9%.

No âmbito global, a tendência é de que o regime de trabalho remoto de fato seja adotado de forma permanente por empresas no pós-pandemia. Uma pesquisa realizada pela consultoria Grant Thornton entrevistou 253 executivos brasileiros e apontou que para 32% essa decisão já é certa de ser mantida, enquanto outros 45% já avaliam a possibilidade.

 

Adaptações dos espaços

De acordo com Marcia, o home office era um espaço utilizado por poucos e, geralmente, por um pouco tempo. Por isso, ainda havia a ideia da possibilidade de um cantinho da casa ser utilizado de forma temporária, com móveis improvisados ou comprados sem muito critério. No entanto, quando o trabalho e a escola foram, de fato, para dentro de casa, verificou-se o aumento do tempo nestas atividades, o espaço compartilhado com mais pessoas e para tarefas diversas. “A partir dessa situação, potencializou-se ocorrências de lombalgia, dores de cabeça, irritabilidade e estresse. Essas questões mostram a necessidade do planejamento do espaço”, comenta.

Para Sabrina, com o passar do tempo, as pessoas perceberam a necessidade de terem conforto e bem estar para o novo ambiente de trabalho e estudo dentro de casa. Com isso, segundo a professora, aumentou a busca por móveis de escritório, de forma a atender a necessidade dos trabalhadores e estudantes, que precisam de um lugar apropriado, para se concentrar na atividade que exercem e que se encaixam no espaço físico escolhido. “Pelo menos um conjunto mesa e cadeira deveria atender a essa necessidade que começou a surgir. Eu vejo que o mercado começou a focar mais em tratar de um mobiliário de escritório para casa, sobretudo, com dimensões mais reduzidas, para atender o maior número de pessoas”. 

Segundo a professora Marcia, é possível adaptar móveis e espaços, desde que se entenda o home office como um posto de trabalho e estudo, no qual o usuário irá utilizar por muitas horas. Além disso, não há como negligenciar questões importantes para a sua saúde física e mental. Segundo a docente do núcleo de Design, pode-se desmembrar esse local em sete itens fundamentais que operam em conjunto, sendo um dependente do outro:

 

  1. tarefa: Trata do tipo de serviço a ser executado e todas as ações e posturas assumidas pelo usuário para realizá-la. 

  2. usuário: Cada um tem seu biotipo, necessidades e habilidades que devem ser levadas em conta. Por exemplo, um posto de trabalho compartilhado por um adulto e por uma criança. Como atender aos dois para que fiquem confortáveis?

  3. mesa de trabalho: Deve ter as medidas que atendam tanto às necessidades da tarefa, quanto do usuário.

  4. cadeira de trabalho: Da mesma forma, a cadeira de trabalho precisa atender às exigências de cada usuário.

  5. equipamentos: Utiliza-se notebook ou computador tradicional? Celular, tablet, bloco de notas, livros, cadernos, canetas, lápis. Espaços para esses itens na mesa para serem utilizados ao mesmo tempo? Espaços para armazenamento próximo ao posto de trabalho?

  6. iluminação: Este é um item fundamental, pois o espaço deve ser bem iluminado, mas não pode causar ofuscamento.

  7. agradabilidade: É um conceito vinculado ao bem-estar na dimensão do prazer, no viés psicológico/emocional. A agradabilidade visa os aspectos estéticos e simbólicos do universo do usuário, tais como formas, cores, materiais, texturas, classes e valores sociais, status, regiões, etc.



Design e ergonomia caminham juntos

A ergonomia busca eliminar, ou pelo menos minimizar, os custos humanos nas tarefas realizadas. De acordo com Sabrina, dentro do design de móveis, esta ciência faz parte do processo projetual. Então, quando se pensa no conceito daquele mobiliário, já estão inclusas as questões ergonômicas, além de pensar em quem vai ser o usuário daquele mobiliário e quais são as suas necessidades.

Por exemplo, no desenvolvimento de uma cadeira, é definido um ajuste mínimo e um ajuste máximo. Para isso, leva-se em consideração as várias medidas do corpo humano, um estudo ergonômico que parte da antropometria e, a partir dessas medidas, é feita a adaptação. “Esse ajuste mínimo e máximo é baseado, justamente, nessas medidas do corpo humano. Então, pega-se um usuário mais baixo, por exemplo, do sexo feminino, e um usuário mais alto do sexo masculino e ali chegamos a uma medida mínima e máxima, para ser aplicada” explica Sabrina.

Em relação ao espaço, segundo Marcia, um bom profissional do design também vai pensar na ergonomia ao projetar um home office. Ainda de acordo com a professora, existem recomendações posturais na realização das atividades. Essas são questões a serem levadas em conta na escolha e/ou desenvolvimento do mobiliário, e na implantação do espaço, em auxílio ao conforto do usuário. A seguir, apontam-se algumas dessas recomendações já consolidadas e demonstrados em diversos estudos de variados autores do segmento:

 

  • O topo da tela do computador deve estar na altura dos olhos;

  • Se as pernas estiverem a 90º, as costas devem estar eretas, ou seja, totalmente apoiadas no encosto da cadeira.

  • A cabeça não deve se projetar para a frente, e o pescoço deve estar ao máximo relaxado, assim como os ombros e braços.

  • Antebraço, punhos e mãos devem estar em linha reta, ou seja, na posição neutra do punho, em relação ao teclado.

  • Manter o cotovelo junto ao corpo.

  • Deixar um espaço entre a dobra do joelho e a extremidade do assento da cadeira.

  • Ficar com os pés apoiados no chão e/ou em apoios para os pés.

  • Espaço lateral para as pernas.

  • Espaço livre embaixo da mesa para esticar as pernas, quando o usuário assume uma postura  mais relaxada.

  • Os textos a serem copiados devem ficar em uma inclinação de 45º para evitar movimentações bruscas do pescoço.



Tendências do mercado

Para Marcia, as tendências se estabelecem a partir das necessidades e desejos de uma sociedade. Dessa forma, é crescente as opções de mesas de trabalho e cadeiras em lojas de móveis diversificados, e não somente nas lojas especializadas em artigos de escritório. “Qual mesa escolher? Aquela que atenda aos requisitos levantados após as reflexões sobre os itens apontados”, explica.

Além de pensar em mobiliários com dimensões que atendam as necessidades do maior número de pessoas possível, o ramo do design de interiores passou a investir mais em ambientes flexíveis, com o uso de móveis com múltiplas funções. Para Sabrina, esta é uma tendência de mercado, visto que a necessidade de reformas, para a adaptação de ambientes, alimentou o setor de design de interiores da arquitetura e da engenharia civil, juntamente com do desenho de móveis e o setor moveleiro, numa busca por atender as necessidades de quem precisou migrar para o home office. 

E de acordo com Marcia, o home office tem levado a vários empreendimentos imobiliários a entregar os imóveis com esses espaços previstos. “Têm sido um diferencial, sobretudo para aqueles empreendimentos com espaços reduzidos. Verifica-se no campo do Design de interiores, mais um espaço de atuação, uma vez que o designer, deve acompanhar as tendências de mercado para atender as necessidades e desejos dos seus clientes/usuários dos espaços”, conclui.

 

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