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Professoras analisam impactos do número crescente de automóveis nas vias da cidade

Sheila Menini, Yvonne Massucate e Ivelise Nery, do curso técnico em Transporte Rodoviário, discutem questões de mobilidade urbana no município

Considerado o cigarro do século XXI, o automóvel é um elemento muito presente não somente em nosso cotidiano mas também em nossa cultura. Carros velozes e potentes inspiram franquias de sucesso nos cinemas, peças de publicidade e estão até mesmo nas prateleiras das lojas de brinquedo, chamando nossa atenção desde crianças. Apesar disso, as vias das cidades estão cada vez mais congestionadas e nosso ar cada vez mais poluído. Diante disso, as professoras Sheila Menini, Yvonne Massucate e Ivelise Nery, do curso técnico em Transporte Rodoviário foram convidadas a comentar sobre o atual estado da cidade de Juiz de Fora no que diz respeito ao número de veículos em circulação e como o carro pode ser prejudicial tanto para nossa saúde quanto para a das cidades. 

Em 2010, o município de Juiz de Fora tinha uma frota de 178 mil veículos para uma população de 516 mil habitantes (IBGE, 2010). Dez anos depois, a população teve um pequeno aumento para 573 mil habitantes (IBGE, 2010) e a frota de automóveis subiu para 284 mil (DENATRAN, 2021). “Percebe-se um crescimento muito maior no número de carros do que na própria população da cidade. Tivemos um crescimento de apenas 10% dos moradores de Juiz de Fora, enquanto o de veículos foi de 37%, mais de três vezes mais”, analisa a professora Sheila Menini.

“Ao mesmo tempo, vivenciamos uma diminuição no uso do transporte público.” Se em 2013, por exemplo, a média do número de passageiros transportados em ônibus na cidade era de 9.498.882 por mês, em 2020 esse número diminuiu para 6.262.085 (PJF, 2021), numa queda de mais de 30%. Isso evidencia um problema que se intensifica a cada ano. Há cada vez mais carros nas ruas e menos pessoas usando ônibus, o que gera congestionamentos e perda de tempo na vida das pessoas ao desempenharem seus trajetos cotidianos. 

“Quanto mais veículos, maior é a emissão de poluentes na atmosfera e mais impactos para a saúde”, aponta Ivelise Nery. Além de promover o sedentarismo e um maior volume de emissão de gases, o carro geralmente transporta poucas pessoas de cada vez. Embora garanta certo conforto e praticidade, ele torna o transporte na cidade menos eficiente, pois a capacidade de passageiros de um ônibus corresponde ao uso de trinta ou quarenta carros em circulação. 

Em um planejamento de mobilidade urbana a classificação de prioridade é estruturada primeiramente por pedestres, seguidos de ciclistas, transporte público, transporte de carga e, por último, carros e motos. “Este é o modelo que ajuda a dar fluidez e equilíbrio ao ritmo das grandes cidades. Neste contexto, o transporte coletivo é primordial para uma mobilidade urbana mais sustentável, gerando menos poluentes, congestionamentos e ganho de tempo para as pessoas. Essa é uma solução que favorece a melhora dos fluxos nas cidades, pois ocupa menos espaço e transporta mais pessoas”, complementa a professora.

A professora Yvonne Massucate explica que o carro é popular pois há um incentivo histórico ao modal rodoviário e porque os demais meios de transportes, que poderiam ser boas alternativas, se mostram ineficazes perante a sociedade. “A bicicleta se apresenta como uma ótima opção de mobilidade, evitando doenças cardiovasculares e diabetes, por exemplo, transformando o deslocamento em um ato de saúde e bem-estar. Andar a pé, também é uma ótima opção para a saúde e uma ótima substituição ao transporte motorizado individual que poderia receber incentivos mais relevantes das prefeituras.” 

Todavia, ela coloca que a infraestrutura urbana de grande parte das cidades impossibilita tanto o uso da bicicleta, como inibe a opção por trajetos a pé. “A cidade precisa acolher o pedestre, precisa ser acessível, confortável, segura e bela, pois só assim as pessoas se sentem bem para caminhar e se integrar com ela.”

Sheila Menini indica que, para quem precisa se locomover diariamente com o carro, uma opção é a utilização de vias alternativas, para evitar e diminuir os congestionamentos. Entretanto, a predominância do automóvel como principal meio de transporte faz com que o transporte coletivo passe por um desequilíbrio financeiro na cidade, devido à queda do número de usuários. “Neste cenário, é preciso um maior investimento no sistema de ônibus em Juiz de Fora, de forma a torná-lo mais confiável e com melhor qualidade, diminuindo o número de veículos que circulam pelas ruas. A implantação do sistema troncalizado e uma melhora na infraestrutura urbana também ajudariam neste sentido, agregando velocidade ao sistema e propiciando qualidade de vida à população.”

 

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