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Pesquisa reflete sobre ensino para crianças portadoras de necessidades especiais

O professor Wagner Seabra, do Núcleo de Física, publicou artigo científico sobre sua análise numa turma de 5º ano do ensino fundamental.

Em sua pesquisa de doutorado, o professor e pesquisador Wagner Seabra buscou analisar a participação de crianças em brincadeiras científicas investigativas (BCI) na educação em Ciências nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O trabalho faz parte da organização do livro “Ensino de Ciências para Crianças, volume 2 - Fundamentos, práticas e educação de professores”.

O pesquisador se inseriu na dinâmica de uma escola pública municipal para acompanhar as aulas de Ciências em uma turma do 5º ano do Ensino Fundamental, formada por 21 crianças, com idades entre 10 e 12 anos. Com a turma, foram desenvolvidas atividades de construção e de manipulação de brinquedos científicos com o objetivo de analisar a participação das crianças com a tarefa e entre si.

Um aspecto de destaque na pesquisa foi perceber como se dava a relação da turma com Amadeu, criança de 11 anos portadora de necessidades educacionais especiais que tinha grande dificuldade de interação com outras pessoas e de desenvolver atividades coletivas. Neste sentido, o estudo buscou perceber como o protagonismo de Amadeu poderia ser suscitado a partir das brincadeiras científicas investigativas (BCI), atividades de investigação do princípio de funcionamento de brinquedos científicos construídos pelas crianças. As BCI aproveitam os potenciais pedagógicos de brincadeiras e jogos para aprofundar o estudo sobre protagonismo infantil. 

Wagner propõe que o protagonismo infantil em atividades do tipo podem acontecer em dois níveis. O primeiro deles, chamado de protagonismo autônomo, acontece quando a criança ocupa o papel principal em determinado acontecimento independente da orientação direta de um responsável. Já o protagonismo orientado, seria este cenário no qual um adulto, por exemplo, conduz a participação da criança na tarefa proposta. 

Foram feitas duas brincadeiras: o Disco Flutuante e a Lata Mágica. Na primeira experiência, Amadeu não foi escolhido para trabalhar com outras crianças e sentou-se em um local mais afastado. Quando proposto que trabalhasse com uma dupla, ele inicialmente recusou a ideia. Já na segunda experiência, ele se posicionou de forma mais integrada à turma, sendo escolhido por um parceiro para realizar a atividade e, logo em seguida, aproximou-se dele, pronto para colaborar. 

A realização das BCI permitiu que Amadeu se tornasse mais participativo em sala de aula, através de ações autônomas como brincar, investigar, enunciar ideias, fazer perguntas, levantar hipóteses e socializar com outras pessoas. Isso fez com que as outras crianças o entendessem e respeitassem suas limitações, o que diminuiu gradativamente as reações desagradáveis com relação à sua dificuldade de se expressar oralmente, e contribuiu para que pudesse conquistar mais espaço e autonomia no ambiente escolar. 

Wagner conclui que ações desenvolvidas de forma independente a uma orientação direta feita por um adulto, como é o caso das BCI, são ações que emergem das próprias atividades e levam as crianças ao exercício de um protagonismo autônomo. Para tal, as ações de professores em sala de aula são fundamentais. O incentivo às crianças nesses contextos escolares pode reverberar atitudes responsáveis, criativas, críticas e construtivas ao longo de suas vidas, dando autonomia para lidarem com as situações adversas que surgem na vida contemporânea. 

Leia aqui o artigo na íntegra.

 

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