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Debate sobre Movimento Negro mobiliza estudantes, servidores e público externo

Depois do tema "Migrações", projeto (R)Existências teve discussão sobre colorismo negro e expressões culturais

O debate “Colorismo negro: pelos direitos das existências de todos os tons” trouxe reflexão e arte para a tarde desta quarta-feira (7 de agosto) no Campus Santos Dumont. Promovido pelo projeto de extensão (R)Existências, o evento reuniu referências de diferentes expressões do Movimento Negro e foi acompanhado por estudantes, servidores e público externo. Houve debate, mediado pela servidora do IF Iara Nascimento, poesia e dança. 

Compareceram a professora e escritora Vanda Ferreira, o poeta Matheus de Araújo (autores dos livros Sentimentos e Maré Cheia, respectivamente), os representantes do Coletivo Vozes da Rua, de Juiz de Fora, Jhonathan Leandro, Gustavo Oliveira e Wenderson Marcelino (o Zangão) e o ex-vereador de Santos Dumont Luiz Papa. Parceiro do (R)Existências, o Conselho Municipal da Juventude de Santos Dumont, por intermédio de seus integrantes Maria Luiza Magalhães e Yuri Deslandes, mais uma vez participou da ação. 

Para João Marcos Alves, estudante do 1º ano do curso técnico em Eletrotécnica integrado ao Ensino Médio, as expressões culturais são muito importantes. “A partir disso, pode surgir toda aquela conectividade, aquele diálogo de ideias, e você consegue se expressar melhor, mostrar mais de si e inspirar cada vez mais pessoas a fazerem o mesmo. Assim você acrescenta algo à sociedade, coloca suas opiniões, para que o mundo não seja todo cinza e tenha as cores de cada um de nós”, analisou. 

João Marcos, aliás, foi um dos alunos que atuaram na preparação do cenário para o debate. O projeto Eu Extraordinário, coordenado pela servidora Iara Nascimento e do qual o estudante faz parte, exibiu mensagens e a imagem de personalidades e servidores negros em cartazes que ilustraram a importância da representatividade e da contínua luta por respeito e igualdade. 

Sobre essa causa versou a escritora Vanda Ferreira, para quem a palavra tem um poder muito grande. “A ideia é quebrar o paradigma de que o negro só é bem-sucedido no futebol, na dança ou na música”, explicou, “pois ele pode ser autor, escritor, contador de histórias, poeta. Afinal de contas, Machado de Assis, um dos maiores escritores do mundo, era negro. Na contação de histórias, a oralidade e a leitura são muito presentes. É muito importante que um negro veja o outro em situações diferentes, numa página de livro, num personagem bem-sucedido”. 

Matheus de Araújo declama poesia

É fundamental que os negros não reproduzam discursos racistas”, avaliou Wenderson Zangão, “porque até isso é uma herança, as pessoas escutam essas visões desde muito cedo. É por isso que hoje fazemos essas ações em escolas, falamos para as pessoas escreverem sobre suas histórias. Eu quero ouvir, alguém quer ouvir sua história. O Coletivo Vozes da Rua veio para trazer a cultura hip-hop, disseminar a informação e o conhecimento e plantar sementes para que todos possam colhê-las, para que o mundo seja melhor”. 

O conceito mencionado no título do evento, o de colorismo, expõe uma realidade lamentável e muito presente especialmente em países pós-escravocratas que passaram pela colonização europeia, como explica o site do Instituto Geledés: de acordo com essa premissa, quanto mais pigmentada for a pele de uma pessoa, mais exclusão e discriminação ela tende a sofrer. O poeta Matheus de Araújo falou sobre o assunto e também a respeito da importância de um debate amplo e aberto sobre racismo. 

É muito necessário falarmos de colorismo. No meu caso, sendo um negro mestiço, tendo uma pele mais clara, sofro menos discriminação em relação a uma pessoa com uma pele mais retinta. É sempre importante a gente lembrar esses privilégios, para a gente combater o racismo e conseguir, enquanto povo, ascender. Eu busco fortalecer o lado que também me acolhe”, esclareceu Matheus, que também é baterista, fotógrafo, estudante de Letras e técnico em Mecânica.

Assim como quando tratou de “Migrações”, em maio deste ano, o (R)Existências levou a pauta do Movimento Negro para a sala de aula, com diversos professores propondo a seus estudantes o debate sobre o tema. O projeto é coordenado pelos professores Bia Possato e Helton Nonato.

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