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III Encontro de Relações Raciais e Sociedade é sucesso de público

Com atividades em torno dos 15 anos da Lei 10.639 sobre o ensino da cultura afro nas escolas

Pelo terceiro ano consecutivo, o Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais- Campus São João del-Rei sediou o Encontro de Relações Raciais e Sociedade (ERAS) entre os dias 05 e 07 de novembro. Em 2018, o tema central do evento foi a reflexão sobre os efeitos gerados pela Lei 10.639 15 anos após a sua implementação.

Em sua primeira edição como um evento institucional do IF Sudeste MG, o III ERAS recebeu alunos e pesquisadores de 05 campi. A programação contou com palestra, oficinas, apresentações culturais, comunicações orais, apresentação de pôsteres, feira de afro empreendedores e exibição da peça teatral “A gente conta Zumbi... e outras histórias.”

“O grande diferencial do III ERAS, foi que pela primeira vez o evento não foi do Campus SJDR, ele foi um evento do IF Sudeste MG. O nosso objetivo é que ele se torne um evento institucional, para que cada campus possa trabalhar de forma autônoma, mas que tenha uma oportunidade, como esse evento, que possa unir as atividades”, explica Professora Rosana Machado, presidente da comissão organizadoras do evento.

Os campi Rio Pomba, Muriaé, Santos Dumont, Barbacena, Juiz de Fora e Manhuaçu participaram da terceira edição, com propostas de oficinas, apresentações de trabalhos e apresentações culturais. Para Rosana, “isso enriqueceu nossa programação. Termos aqui os alunos e docentes dos campi que de alguma forma têm trabalhos que dialogam com a questão racial”.

Palmares de novo

Na noite de segunda-feira, a professora e Superintendente de Modalidades e Temáticas da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, Iara Félix Viana, ministrou uma palestra sobre “Avanços e desafios nos 15 anos de implementação da Lei 10.639”.

 “Para mim, fechou com chave de ouro a disciplina de Educação para as Relações Étnico Raciais, que dá luz ao objetivo da legislação: usar a educação como instrumento efetivo contra o racismo, propondo ações de enfretamento e promoção da igualdade racial no âmbito educacional. Eu reconheci o meu lugar na luta pela equidade racial. Tenho certeza que o ERAS e, principalmente, a palestra de Iara, contribuíram para isso”, ressaltou o aluno do 4° período da graduação em Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos, Lucas Lara. Para ele, a palestra de abertura do ERAS foi essencial para a abordagem do evento, e contribuiu efetivamente para a sua formação acadêmica.

Feira Afro Empreendedora

A novidade do III ERAS foi a participação de negros empreendedores em uma Feira Afro. Rosana conta que esse era um desejo antigo da comissão organizadora. “Nós tínhamos o desejo de ter essa feira desde a primeira edição. São negros que trabalham com produtos que dialogam com o empoderamento negro e com a estética africana. Tivemos vendas de bijuterias, encadernações, roupas, e “abará” um prato típico da culinária da África e da cozinha baiana”.

A presidente da comissão organizadora explica que foi uma oportunidade de mostrar que há um mercado afro empreendedor em ascensão e que vem se estabelecendo junto a seu público-alvo. “Não é simplesmente abrir espaço para as pessoas venderem. Nós temos aqui na instituição um núcleo de gestão no qual há um projeto de extensão, voltado a esta área. As duas bolsistas do projeto contribuíram para a montagem da feira. Então, é interessante pensar nesse campo também, existe um mercado de atuação possível para a ideia do afro empreendedorismo”, garante.

A gente canta Zumbi

“Se Palmares não existe mais, faremos Palmares de novo.” Pouco houve a se dizer após o encerramento do musical, quando os 13 atores em cena  na peça “ A gente canta zumbi...e outras histórias” entoam esta frase de forma uníssona e com os punhos cerrados. O que se seguiu, foram alguns minutos de aplauso em que a plateia de pé saudou o espetáculo.

Com a adaptação do texto de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, alunos do curso de Teatro da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), integrantes dos projetos de extensão em desenvolvimento no Campus São João del-Rei conquistaram a atenção de um auditório repleto de alunos, servidores e comunidade externa. 

O musical já foi apresentado no Instituto Federal Fluminense (IFF), Campos dos Goytacazes e no X Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros – COPENE. Agora, o grupo segue levando o nome do Campus SJDR para escolas e bairro periféricos da cidade e região comunidade quilombola da região.

 

Recorde em apresentação de trabalho

Ao todo, o evento recebeu 90 submissões de trabalho. É o maior número de submissões desde a primeira edição do ERAS. Foram realizadas apresentações de pôsteres e comunicações orais. Os trabalhos dos pôsteres traziam reflexões sobre atividades de ensino, pesquisa, extensão e/ou vivências comunitárias, políticas e artísticas acerca das relações raciais na sociedade com reflexões e relatos de experiência a respeito da implementação da Lei 10.639.

Já as comunicações, trouxeram informações a respeito de ações comunitárias (grupos de congado, ONGs, grupos artísticos) ou a respeito de projetos de ensino, pesquisa e extensão ligados com as questões raciais na sociedade, mais uma vez propondo reflexões e relatos de experiência a respeito da implementação da Lei 10639.  

Os alunos da Pós-graduação em Didática e Trabalho Docente, Evelyne Fernanda de Carvalho, José Rafael Azevedo e Sara Cristina Vilela dos Santos abordaram a representação de elementos da cultura negra no poema “Sonho Africano de Francisca Júlia”. José Rafael explicou o assunto estudado: “nós destacamos a choupana que faz parte da arquitetura afro e também o cachimbo que é usado como peça sagrada em religiões de matrizes africana, como, por exemplo, na Umbanda”. Segundo o aluno, o tema foi escolhido a partir das “discussões sobre negritude na disciplina de Diversidade, que tinha como foco as questões étnico raciais e pensamos em mostrar como essa problemática que envolve a cultura negra seria representada em um texto literário”.

 Evento além das expectativas

Lucas Magno, diretor de Extensão do Campus Juiz de Fora, assistiu o primeiro dia de evento como representante da Pró-Reitoria de Extensão, e garante ter se surpreendido com o resultado. “Acredito que o III ERAS mais do que renovar a esperança, multiplicou os espaços de esperanças no IF Sudeste MG e se colocou como uma importante ação de extensão em nossa instituição. O evento integrou, articulou e envolveu diversos campi, escolas do município e comunidade externa. Isso me entusiasmou bastante”, conclui.

Sobre a lei 10. 639

A Lei 10.639 é uma lei brasileira que estabelece a obrigatoriedade do ensino de "história e cultura afro-brasileira" dentro das disciplinas que já fazem parte das grades curriculares dos ensinos fundamental e médio. 

Confira as fotos do evento em: https://www.facebook.com/pg/IFsaojoaodelrei/photos/?tab=album&album_id=2242147479192599