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Projeto do IF levará ensino ferroviário a pessoas cegas

Segurança será um dos principais temas da iniciativa em parceria com a Associação dos Cegos em Juiz de Fora

Fundamental para a expansão de um dos modais de transporte mais estratégicos para o país, o ensino ferroviário é também uma ferramenta para promover segurança e acessibilidade. É por isso que estudantes e professores do Campus Santos Dumont do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG) pretendem estender a pessoas cegas - que, obviamente, também podem cursar qualquer formação do IF - o alcance do conhecimento debatido e produzido na instituição. Por meio do projeto de Extensão “O ensino de ferrovia para pessoas com deficiência visual”, o grupo levará curiosidades, informações e orientações valiosas a cidadãos atendidos pela Associação dos Cegos em Juiz de Fora. 

O projeto foi submetido e aprovado pela Direção de Extensão, Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação (Deppi) do Campus Santos Dumont. Participam os professores Samuel Alves, Philipe Pacheco e Fernando Caneschi, as alunas bolsistas Anny Carolinne de Paula e Gabrielly Apolinário, da graduação em Engenharia Ferroviária e Metroviária, e a revisora de texto Braille Graziela Rodrigues, que atua no Campus Rio Pomba do IF Sudeste MG. Em junho, Samuel, Anny e Gabrielly visitaram pela primeira vez a Associação dos Cegos em Juiz de Fora para firmar a parceria, que será convertida em aulas semanais (sempre às quartas-feiras, a partir de 14 de agosto, até o fim do semestre letivo) ministradas pelas estudantes na sede da instituição.

“Definimos que precisamos transmitir conhecimentos gerais sobre Ferrovia. Mas o nosso objetivo principal são as passagens em nível (cruzamento, no mesmo nível, entre uma ferrovia e uma rua, avenida ou estrada)”, explicou o professor Samuel, “pois elas podem ser problemáticas até para pessoas que enxergam normalmente; imagina para as deficientes visuais. Queremos transmitir o conhecimento (sobre como elas funcionam), mas também levantar as dificuldades para propor melhorias. Há relatos de quedas e de pessoas que se sentem inseguras para ajudar deficientes visuais na travessia dessas passagens, o que aumenta o risco de acidentes”. 

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Professores Philipe Pacheco e Samuel Alves e estudantes Gabrielly Apolinário e Anny Caroline de Paula, alguns dos integrantes do projeto

O professor acrescentou que, em pesquisa bibliográfica, o grupo não encontrou referências relativas ao ensino ferroviário para deficientes visuais, acentuando a importância do projeto também no que diz respeito a produções acadêmicas futuras. Para Gabrielly, aliás, a iniciativa tem sido importante, entre diversas outras razões, por conta da necessidade de buscar informações que complementam aquelas já assimiladas em sala de aula. 

“Nós já fizemos a disciplina de Introdução à Engenharia Ferroviária e Metroviária, em que vimos boa parte da matéria que estará nesse projeto. Mas precisamos aprofundar mais nas pesquisas e estamos procurando formas de como transmitir esse conteúdo a eles. Para os alunos da associação, precisamos desenvolver um método e uma didática diferentes”, explicou a estudante. Até por isso, o projeto conta com a participação da revisora de texto Braille Graziela Rodrigues, que organiza uma visita do grupo ao Instituto Benjamin Constant. Situada no Rio de Janeiro, a instituição é referência em ensino para deficientes visuais. 

“Pelas pesquisas que fizemos”, acrescentou Anny, “as passagens em nível não têm nada adaptado, é como se todas as pessoas tivessem todos os sentidos. No caso da pessoa cega, ela é obrigada a atravessar a partir da percepção dos sons (os veículos ferroviários normalmente têm um aviso sonoro)”. Este será um dos principais aspectos das aulas, mas o projeto não ficará restrito a esse processo clássico ensino-aprendizagem: a equipe programa visitas ao Museu Ferroviário, em Juiz de Fora, à locomotiva a vapor Zezé Leone e ao Museu de Cabangu, em Santos Dumont, até para verificar o grau de acessibilidade nesses locais. 

A Associação dos Cegos em Juiz de Fora conta com cursos e atividades que promovem o aprendizado e práticas sobre Braille (sistema de leitura para deficientes visuais), Biblioteca, Informática, Artesanato e atividades da vida diária, entre outros campos do conhecimento. De acordo com o site da associação, sua missão é promover a inclusão do cego, resgatando-lhe o direito à cidadania e oferecendo-lhe condições para qualificação educacional e profissional com vistas à inserção no mercado de trabalho”.

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