De volta do México, reitor do IF Sudeste MG comenta parcerias e trocas de experiências

“Tendo em vista a heterogeneidade da nossa Rede Federal, considero que a participação conjunta dos reitores foi muito rica, uma vez que além da percepção da realidade internacional, pudemos observar também os parâmetros internos de comparação. Isso permite projetarmos as possibilidades de uma forma mais aderente à nossa realidade”, analisa o reitor do IF Sudeste MG.

No dia 19 de agosto, o professor Valdir José da Silva, reitor do IF Sudeste MG, esteve entre os onze conselheiros do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) que  embarcaram para o México numa missão de prospecção com instituições de Educação Profissional e Tecnológica do país. A missão teve como objetivo estabelecer e fortalecer o intercâmbio de experiências, o desenvolvimento de projetos conjuntos e a criação de mecanismos permanentes de colaboração.

Foram cinco dias com uma intensa agenda, que previa, entre outras atividades, a realização do "Seminário Brasil-México: Perspectivas e Desafios da Educação Profissional e Tecnológica"; reuniões bilaterais entre gestores brasileiros e mexicanos; a assinatura de acordos de cooperação entre instituições dos dois países e o mapeamento de áreas prioritárias para cooperação, com ênfase em temas como inovação tecnológica, interlocução com o mundo do trabalho e economia social.

As atividades programadas foram viabilizadas a partir do trabalho articulado entre a Câmara e a Diretoria de Relações Internacionais do Conif, com apoio da Associação Nacional de Universidades e Instituições de Educação Superior (ANUIES), da Embaixada do México no Brasil, da Embaixada do Brasil no México e do Fórum de Gestores de Relações Internacionais do Conif (Forinter). 

O professor Valdir voltou otimista da empreitada e compartilha com a comunidade do IF Sudeste MG, seus relatos, impressões e perspectivas advindos da viagem.

Parcerias

Segundo Valdir, a visita ao México foi de prospecção de oportunidades, tanto em nível amplo, da Rede Federal de Educação Científica e Tecnológica, como de cada uma das 11 instituições que estiveram representadas por cada uma dos seus reitores(as). Portanto, diante da lista de frentes de cooperação estabelecidas, a viagem pode ser considerada bastante exitosa. São elas: 

- Associación Nacional de Universidades e Instituciones de Educación Superior – ANUIES, que reúne as principais instituições de educação superior do México, tanto públicas quanto privadas e congrega 251 IES associadas: 

Espera-se que esta parceria torne possíveis ações de: mobilidade acadêmica; currículo internacional; formação docente e de gestão; eventos bilaterais/multilaterais; disciplinas espelho e fóruns e capacitações. 

- Tecnológico Nacional de México – TecNM e Instituto Tecnológico de Puebla – ITP:

Espera-se que estas parcerias tornem possíveis ações de: intercâmbio de estudantes e docentes formação técnico-pedagógico; gestão curricular e certificação profissional. 

- Diretoria de Educação Tecnológica Agrícola e Ciências Marinhas (DGETAyCM) da Subsecretaria de Educação Secundária Superior da Secretaria de Educação Pública: 

Espera-se que esta parceria fomente o desenvolvimento do ensino secundário tecnológico, de formação de produtores, bem como de pesquisas nas áreas agrícola, florestal, marítima, pesqueira e aquícola. 

- Colégio Nacional de Educação Profissional Técnica (CONALEP):

Espera-se que esta parceria torne possíveis ações de mobilidade acadêmica; compartilhamento de metodologias, projetos escola-empresa; educação dual; intercâmbio de estudantes e docentes em áreas técnicas; formação docente; redes multilaterais; parcerias para formação continuada de professores em metodologias de ensino técnico e competências digitais e fortalecimento da articulação no âmbito da Unesco/Unevoc. 

- Instituto Politécnico Nacional 

Espera-se que esta parceria fomente ações de educação dual; aprendizagem colaborativa internacional em linha (COIL) e dupla titulação. 

- Centro de Estudios Tecnológicos Industrial y de Servicios 

Espera-se que esta parceria torne possíveis ações de cooperação em revisão curricular e projetos tecnológicos em áreas como automação, TI e mobilidade elétrica; cooperação e capacitação pedagógica conjunta baseada no modelo DGETI e desenvolvimentos de projetos conjuntos em áreas como IA e robótica.

Acordo de Cooperação

O CONIF assinou um amplo Acordo de Cooperação “guarda-chuva” com as instituições acima, que permite a elaboração de parcerias e planos de trabalho de cada instituição, nas áreas afins. No IF Sudeste MG, a Diretoria de Relações Internacionais e Interinstitucionais – DRIIT, por meio da Assessoria de Relações Internacionais, já recebeu as informações detalhadas sobre o portfólio de oportunidades de cada instituição mexicana contatada durante a visita. De posse dessas informações, iniciou-se o mapeamento de possíveis parcerias concretas e o contato em cada área nos nossos campi. Essa articulação permitirá que os nossos docentes, TAEs e estudantes, em conjunto com a DRIIT, promovam a aproximação e a concretização de atividades conjuntas conforme as frentes de cooperação de cada instituição acima.

Desafios

A troca de experiências ocorrida na viagem revelou que os principais desafios de ambos os países se relacionam especialmente às áreas de sustentabilidade, geração de energias renováveis, produção de alimentos, combate às desigualdades sociais e o desenvolvimento tecnológico. Por isso, o professor Valdir considera “importante atentar para as áreas da educação agroecológica, preservação dos ecossistemas naturais e culturais, produção industrial, inteligência artificial, com ênfase na formação integral e no desenvolvimento de pesquisa aplicada e transferência de tecnologia”.

Inovação Tecnológica, Economia Social e Interlocução com o mundo do trabalho

Os temas que dão título a esta seção foram abordados no "Seminário Brasil-México: Perspectivas e Desafios da Educação Profissional e Tecnológica".  Segundo Valdir, no evento foram analisadas as principais oportunidades e propostas de ação na educação média e superior tecnológica a partir de cada um dos temas em seções específicas, com os resultados apresentados em plenária. Tais assuntos serviram portanto, de base para o apontamento de linhas de estratégias de construção de propostas de convênios e parcerias entre as instituições de Brasil e México.

Na temática "inovação tecnológica", parques tecnológicos e centros de inovação, o reitor conta que foi possível conhecer a existência e o funcionamento em cada instituição em ambos os países, bem como trocar experiências de pesquisas e inovações desenvolvidas por docentes e estudantes da educação média e superior.

Partindo para o assunto "mundo do trabalho",  foi possível conhecer as experiências e casos de vínculos de instituições de educação com o trabalho, especificamente com o setor produtivo, a fim de obter um panorama das possibilidades de intercâmbio e desenvolvimento de projetos comuns.

Sobre "tecnologia e economia social", o reitor destaca as alianças de colaboração orientadas para propostas estratégicas de organização da produção e consumo de bens e serviços ante o desemprego, as disparidades sociais, a pobreza e a degradação ambiental que assolam os dois países. Assim, buscou-se compartilhar propostas de ações voltadas para a solução destes problemas comuns nas instituições de educação técnica e tecnológicas.

"Aqui tivemos a oportunidade de apresentar o painel 'Tecnologias Sociais, Economia Social, Educação Agrícola e do Campo, das Águas e das Florestas', a partir da Carta de Barbacena, resultado do III Seminário Nacional de Educação Agrícola e do Campo, das Águas e das Florestas, realizado pelo Fórum de Educação do Campo, das Águas e das Florestas do CONIF, no período de 5 a 8 de agosto desse ano, no Campus Barbacena do IF Sudeste MG. Assim, foi possível demonstrar a realidade brasileira da educação agrícola e suas principais demandas. Percebe-se que os desafios das instituições mexicanas, em relação à educação do campo, das águas e das florestas, são similares aos brasileiros", avalia o reitor. 

Seminário Brasil-México

O Seminário abordou principalmente a cooperação acadêmica como eixo de transformação e a dupla diplomação por meio da internacionalização colaborativa. No primeiro caso, buscou-se conhecer as experiências e discutir as problemáticas do sistema tecnológico de ambos os países, para viabilizar a proposta de atividades conjuntas. 

Já o segundo, tratou de proporcionar um espaço acadêmico de internacionalização das instituições técnicas de nível médio e superior do México e do Brasil a fim de fomentar a integração de redes de cooperação acadêmicas internacionais, intercâmbio de conhecimentos científicos e culturais e experiências de mobilidades de docentes e pesquisadores. 

Foram definidas linhas de ações conjuntas para cooperação internacional, com base nos temas: inovação tecnológica, interlocução com o mundo do trabalho e tecnologias sociais.

Visitas técnicas 

As visitas técnicas às instituições mexicanas deram à comitiva e, especialmente ao IF Sudeste MG, representado por seu reitor, a visão de uma outra realidade e de outras perspectivas, conforme conta Valdir:

“Há uma grande difusão do ensino técnico de nível médio, quase a totalidade dos estudantes cursam o ensino médio e o técnico de forma concomitante. São aproximadamente 5 milhões de estudantes. Há uma forte interação dos estudantes com o mundo produtivo, o que facilita os conhecimentos práticos e a empregabilidade. Acredito que podemos avançar no Brasil a partir das experiências mexicanas nesse sentido. Outro aspecto importante é a cobertura da assistência estudantil em praticamente 100% dos estudantes do ensino médio, com valores razoáveis para permitir a permanência e o êxito”, destacou o reitor. 

Balanço

Parcerias estabelecidas, trocas de experiências e novas perspectivas estão entre os itens mais valiosos que o grupo de reitores da Rede Federal trouxe em suas bagagens. Aliás, valiosa é, segundo o professor Valdir, uma palavra adequada para definir a viagem ao México:

“Tendo em vista a heterogeneidade da nossa Rede Federal, considero que a participação conjunta dos reitores foi muito rica, uma vez que, além da percepção da realidade internacional, pudemos observar também os parâmetros internos de comparação. Isso permite projetarmos as possibilidades de uma forma mais aderente à nossa realidade”, analisa ele.

A missão México rendeu frutos e, entre os dias 19 e 22 de novembro de 2025, os representantes máximos do Instituto Tecnológico de Puebla visitarão o IF Sudeste MG.