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Pais reais ajudam a refletir sobre os novos modos de exercer a paternidade

O IF Sudeste MG parabeniza a todos os pais de sua comunidade e deseja que aproveitem a chance de deixarem aos filhos o exemplo da paternidade afetuosa e ativa
Exibir carrossel de imagens #Pratodosverem: arte remetendo a um cartaz de filme. Fundo azul, na metade esquerda há os dizeres: IF Sudeste MG apresenta: Paaaaiêêêêê!! Uma história de amor e dedicação. No lado direito, tem a foto de três homens: avô, pai e neto. Há ainda um pote de pipoca e um copo de refrigerante e a frase: *em exibição todos os dias, de manhã, de tarde e de noite.

#Pratodosverem: arte remetendo a um cartaz de filme. Fundo azul, na metade esquerda há os dizeres: IF Sudeste MG apresenta: Paaaaiêêêêê!! Uma história de amor e dedicação. No lado direito, tem a foto de três homens: avô, pai e neto. Há ainda um pote de pipoca e um copo de refrigerante e a frase: *em exibição todos os dias, de manhã, de tarde e de noite.

Não é tarefa fácil categorizar a trama da qual falaremos hoje. Ela tem bastante de romance, um tanto de drama e até um toque de comédia. Situada em épocas atuais, em meio à pandemia de Covid-19, “Paaaaiiiiêêêêê: uma história de amor e dedicação!!”, conta a saga de duas mulheres que lutam dia a dia para desempenharem bem os papéis de mães, de esposas e de profissionais. Bianca e Elisa são servidoras do IF Sudeste MG, ambas jornalistas dedicadas e apaixonadas pelo trabalho. Alexandre, que acabou de saber que será pai, técnico em audiovisual do Instituto, também é personagem dessa história.

Elisa é mãe de duas meninas: Manuela, 9, e Eduarda, de quase 2 anos. Bianca é mãe de Melissa, 7 anos, e está grávida de quase nove meses do Benício. Mas não se engane, esta produção não vai falar de super maternidade. Até porque Bianca e Elisa são mulheres que amam ser mãe, mas também amam o trabalho. As duas vertentes são igualmente importantes na composição dessas personagens.

Em comum, elas encaram os desafios do home office e de exercê-lo quase em sincronia com as tarefas da maternidade. Mas, Bianca e Elisa não são as protagonistas deste filme. Na verdade, elas não são as únicas protagonistas. Ao lado delas, há pais protagonistas: Diogo e Weslley, respectivamente. Pais com possibilidades e características diferentes, porém com uma semelhança determinante: não são meros espectadores, são personagens centrais, homens que vão de protagonistas a coadjuvantes, que nem sempre são indicados ao Oscar, mas que não se sentam e assistem ao filme enquanto comem pipoca. É bem provável, inclusive, que eles façam o roteiro, a maquiagem, a direção, atuem, editem e até façam a pipoca.

Antes de continuarmos contando a nossa história, vamos refletir um pouco sobre a evolução da paternidade, e dos conceitos e práticas que a envolvem, ao longo do tempo.

A evolução do “ser pai”

O professor de filosofia e sociologia da IF Sudeste MG, Tiago Fávero de Oliveira, nos ajuda nesta reflexão. Segundo ele, quase todas as relações e instituições sociais se transformaram muito dos anos 1900 para cá, e com a paternidade não foi diferente. A alteração da estrutura familiar (chegada da mulher ao mercado de trabalho, diminuição do número de filhos, divórcio, aumento das exigências educacionais, novas tecnologias, urbanização, entre muitas outras coisas) traz mudanças para o exercício da paternidade. É comum ouvir que a autoridade e o respeito pelo pai (frutos da temeridade) eram muito maiores no passado do que atualmente. Porém, felizmente, o professor acredita que hoje se fala muito mais em diálogo entre pais e filhos, companheirismo e parceria. 

Há, também, conforme Tiago, novos modelos familiares que implicam em novas configurações de família e, consequentemente, novas possibilidades para o exercício da paternidade: “Há pais que exercem a paternidade em guarda compartilhada (no caso de casais separados), há pais que nunca foram casados, há pais que são solo, há filhos com dois pais (no caso de famílias homoafetivas). Tudo isso traz mudanças para a paternidade. O aumento das exigências educacionais faz com que tenhamos pais estudantes (ou porque foram pais mais jovens ou porque voltaram a estudar depois de um tempo). Há muitas atividades que disputam o tempo do pai (trabalho, emprego, distâncias...), mas também há novos caminhos possíveis. Todas essas alterações provocam as mudanças no exercício da paternidade”, analisa o filósofo.

Pai provedor sim, também de carinho

O pai que era um mero provedor financeiro e sensor moral passa a participar com mais afeto e proximidade da vida dos filhos. Atualmente, o que se percebe é um pai, que na maioria das vezes, tenta ser mais próximo, menos autoritário e impositor. “É lógico que isso não significa que o esvaziamento da figura e das atribuições paternas sejam positivos. O pai precisa continuar sendo pai, porém, sem a imposição de uma postura que gera temeridade ao invés de confiança”, pondera ele.

Com o aumento das demandas de serviço, a divisão do dia em trabalho e estudo para alguns, o tempo diário de deslocamento e outras questões atuais, nem sempre o pai (e também a mãe) têm tempo para participar diretamente de todas as atividades dos filhos: “A cena da família reunida em torno da mesa para tomar café da manhã das propagandas de margarina é cada vez menos presente. Porém, isso não significa, necessariamente, ausência. Além disso, vivemos um mundo instável e complexo, e a figura paterna exige, cada vez mais, flexibilidade e adaptação. Independente disso, espera-se do pai, hoje, o mesmo cuidado, carinho, atenção e presença que sempre delineou a figura paterna”.

Pais mais próximos: efeito colateral da pandemia

Mesmo antes da pandemia, a figura paterna está cada vez mais ligada às funções que, historicamente e de modo injusto, eram delegadas apenas à mulher. Com a chegada das mulheres ao mercado de trabalho, pais e mães começaram, ainda que lentamente, a dividir funções domésticas e, também, o cuidado dos filhos. Se antes era difícil encontrar um pai que dava banho, preparava comida, lavava e cuidava das crianças, hoje isso é cada vez mais comum (ainda que não seja algo hegemônico). O que a pandemia trouxe foi a proximidade física do pai com o filho (no caso do home office e do ensino remoto das crianças), uma vez que a divisão dos cuidados com a casa e com os filhos já faziam parte de um projeto cujo início é anterior. De toda forma, com o distanciamento social e o fato de as famílias ficarem mais juntas por muito tempo dentro de casa, os cuidados e toda a rotina da família precisaram ser reorganizados.

Pais participativos para um mundo com pais ainda mais participativos

Segundo o professor, o aprendizado acontece muito através da convivência com o exemplo, e o exercício da paternidade é uma atividade educativa por excelência. Ter um pai que participa da vida do filho é uma tranquilidade e uma segurança: “O filho não se sente sozinho, se sente apoiado e tem condições muito maiores de conseguir alcançar os seus objetivos. A participação afetuosa e carinhosa de um pai é um diferencial positivo na vida de qualquer criança. Esta participação é educativa no sentido de que os filhos entenderão que também deverão ser, no futuro, pais participativos e presentes”.

“O filho não se sente sozinho, se sente apoiado e tem condições muito maiores de conseguir alcançar os seus objetivos. A participação afetuosa e carinhosa de um pai é um diferencial positivo na vida de qualquer criança. Esta participação é educativa no sentido de que os filhos entenderão que também deverão ser, no futuro, pais participativos e presentes”.

Tiago explica que há coisas que só são vistas e entendidas de perto: “E aqui, não falo em ver para julgar, castigar ou recriminar. Muito pelo contrário. Falo para poder entender, para estar perto no intuito de conseguir participar da vida de forma mais fundamentada. Um pai que participa de perto da vida de um filho é capaz de conhecê-lo, de não julgá-lo, de entender as suas crises, medos, pontos fortes e limites. Estamos acostumados a receber rótulos de pessoas que não nos conhecem, seja porque estão longe de nós, seja porque não tiveram tempo para nos conhecer de fato. Por isso que a presença próxima e participativa de um pai é importante: o pai sabe quem a gente é e está ali para nos lembrar disso”.

Voltando...

Agora, sob os holofotes da sociologia, vamos voltar à nossa trama e saber mais sobre os modos de exercer a paternidade desses dois homens reais: Weslley e Diogo. Pais que acertam e que erram, mas que, acima de tudo, participam:

Parceria de sucesso

Na vida real, Elisa descreve com uma única palavra como é contracenar, digo, conviver, com o marido/pai Weslley: “Não existe outra palavra além de ‘parceria’. Traz tranquilidade saber que existe outra pessoa disposta a trabalhar pelo mesmo objetivo que você. A pandemia abalou demais nossa filha mais velha e, até hoje, travamos uma luta diária para tirá-la da inércia, tentando cuidar e educar por meio do diálogo, sem recorrer ao autoritarismo. Quando um dos dois se excede, normalmente o outro consegue enxergar alternativas para a situação. Não me vejo sendo mãe sem poder contar com a "bateria" dele, kkkk! A minha acaba tão rápido!”

Elisa explica que não há tarefas que sejam "só dele" porque, como representante comercial, ele viaja durante três, quatro dias e ela acaba tendo que assumir todas as tarefas nesses períodos. Mas, quando o pai está perto, a diversão é garantida:

“Acho linda a paciência que ele tem para criar histórias com bichos de pelúcia, fazendo uma voz diferente para a vaca, outra para o pato, e por aí vai... Ele dificilmente volta pra casa sem um mimo para alguma de nós três e nunca deixa de nos elogiar (às vezes, do nada). Está sempre tornando tudo mais leve com seu senso de humor. Não é à toa que estamos sempre ansiosas para o papai chegar", conta ela. 

Weslley parece ter herdado o bom humor do pai, com quem tem uma relação de proximidade e admiração: “meu pai tem a virtude de não se abalar facilmente com as coisas, não guarda rancor e, principalmente, está sempre de bom humor”.

Além do bom humor, o representante comercial também precisa de energia para render a esposa. Já que para ele, pai que é pai participa, no momento em que Elisa fica sem bateria, ele precisa assumir o controle:  “sou um pai participativo sempre que posso, rígido quando é preciso, e brincalhão, na maioria das vezes”, analisa ele.

A vida tem revezes

Mas a vida não é só diversão, né? E, lá no começo, a gente deu spoiler de que nesse filme aqui também tinha drama. E a família acabou de passar por um momento bem difícil: Weslley testou positivo para a covid-19, teve sintomas leves, mas precisou ficar isolado da família, e, segundo ele, a experiência não foi nada legal:

“Foi terrível. Como tive sintomas leves, posso dizer que a pior parte foi a distância delas. Não pude, por exemplo, dar um abraço na minha filha mais velha no dia do seu aniversário. Foi diferente do trabalho, porque no caso da Covid, o tempo de isolamento é grande. E mesmo depois temos que tomar cuidado. No trabalho, normalmente fico menos tempo fora, sei quando vou voltar”. Apesar da experiência ruim, Weslley sabe que tem motivos para comemorar: “Saí desse momento bem, com saúde, muitos não tiveram essa sorte. Pude e posso apertar muito minhas filhas agora”.

A gente espera que as bochechinhas delas resistam!

Pensando no futuro

Fazendo uma pausa na cosquinha e na bagunça, Weslley reflete sobre o futuro das meninas: “Espero que elas sejam sempre unidas, sejam felizes, tenham sabedoria, possam aproveitar a vida e serem pessoas boas pro mundo”. 

Numa sociedade ainda machista, como pai de duas meninas, ele também espera que o mundo seja bom com suas filhas: “Todos os dias batem estas preocupações, não só com o machismo, mas com vários outros temas. Nunca se tem uma resposta concreta, de como fazer isso, mas acredito que a educação e o conhecimento são a base para tudo. Principalmente para mudar este mundo”, reflete o pai.

Tarefa de pai é tarefa de mãe e vice versa

Pentear os cabelos de uma criança faz a gente se lembrar do filme Missão Impossível (1996), não é mesmo? Elas, em geral, não gostam e não ficam quietas para ajudar a mãe nesta tarefa. A MÃE? Ué, quem disse que esta tem que ser uma tarefa materna?

Pois esta é uma das coisas que o Diogo elencou entre aquelas que ele faz com a filha. Além disso, também estão os treinos de jiu-jítsu, as brincadeiras, andar de bicicleta, jogar videogame, ler livros, entre outros tantos momentos só dos dois.

Na verdade, lá nessa família não existe divisão entre tarefas de mãe e tarefas de pai. Bianca conta que tanto ela quanto o marido não são naturais de Barbacena. Foram para a cidade após aprovação em concursos públicos: ela no IF Sudeste MG, ele, na Polícia Militar. Por conta disso, eles não têm uma rede de apoio na cidade para ajuda-los com a Melissa e futuramente com o Benício: “Então, a missão de criar nossos filhos é só de nós dois, não temos funções de pai e mãe definidas, fazemos tudo de acordo com a disponibilidade de cada um. Isso nos fortalece como família e amplia nossos laços de amor e amizade”, reflete a jornalista.

A mamãe também não é a primeira opção na hora das brincadeiras: “A Melissa prefere brincar de boneca com o pai do que comigo. Eles brincam muito juntos, principalmente agora na pandemia em que tivemos que nos tornar crianças e entrar no mudinho lúdico delas para tentar suprir a falta das brincadeiras com os coleguinhas”, admite Bianca.

A família vai aumentar. Benício está a caminho e não demora a chegar. O momento é de muita alegria e também de reflexão: “Ser pai é uma das tarefas mais difíceis e importantes da minha vida. É uma dedicação constante, mas também algo que me faz mais feliz e uma pessoa melhor. A Melissa é uma criança muito amorosa e alegre. Ser pai dela é dar boas risadas todos os dias. É também um desafio criar filhos nos dias de hoje. A chegada do Benício é um presente de Deus, ele irá somar e trazer ainda mais amor à nossa família”, comemora Diogo.

O policial tem uma relação de amizade, confiança e respeito com o pai, e é nesses três pilares que ele busca construir a sua relação com os filhos. Para ele:Pai que é pai ama e educa em todos os momentos. Eu sou um pai com acertos e erros. Um pai que brinca e educa. Um pai que busca o melhor para os meus filhos. Espero que meus filhos sejam pessoas boas e saibam respeitar o próximo”.

Você deve ter observado que a palavra respeito aparece diversas vezes na fala desse pai. E é assim, com respeito, amor e igualdade que ele pretende cumprir a missão de ser pai de menina e pai de menino, com os mesmos princípios e com a mesma missão de criar pessoas boas:

“O pai da Melissa será o mesmo que o pai do Benício, tanto em relação ao amor quanto a educação, respeitando a personalidade de cada um. É importante que os nossos filhos e filhas respeitem as diferenças e entendam também que homens e mulheres têm os mesmos direitos”, finaliza ele.

Happy End

Já que começamos a nossa matéria como uma crítica de filme, seguiremos nessa linha e vamos terminá-la com um clássico Happy end. Como dissemos no começo, a nossa história tem, além da Bianca e da Elisa, o Alexandre como personagem. Este técnico em audiovisual do IF Sudeste MG está sempre fazendo vídeos divertidos, e, em época de lives e webconferências, tem trabalhado bastante. Mas, o projeto mais importante da vida dele ainda está carregando. Ele e a esposa Bárbara esperam a chegada do primeiro filho. E, apesar de planejarem o bebê para o futuro, foram pegos de surpresa. E esta surpresa trouxe alegria para toda a família. É o primeiro neto ou neta do lado da mãe, e, segundo Alexandre, o sogro “já estava jogando letra desde o Natal passado”. Alexandre, que com certeza já assistiu aos filmes "O pai da noiva" (1991) e "Entrando numa Fria"(2000), tratou logo de não contrariar o sogro. 

Bárbara já diz que o marido vai ser um pai coruja. E olha que até eu posso dizer o mesmo. Perguntei a ele sobre como é amar alguém que ele ainda não conhece e fui imediatamente corrigida: “Já conheço sim. Já o vi 3 vezes na televisão e percebi como é agitado, rs. A ficha vai caindo aos poucos, mas muda muito nossa visão da vida e principalmente nossas prioridades”, declara o papai.

Alexandre acha difícil dizer que tipo de pai vai ser, mas tem boas referências: Meu pai faleceu em 2002, mas desde os 3 anos eu revezava entre a casa do meu pai e a da minha mãe com meu padrasto. Ambos são referências paternas positivas para mim.

Infelizmente, no texto não temos o recurso de adiantar o tempo e conhecer o bebê do Alexandre. Mas, a notícia de que, em meio a tantas mortes e a momentos tão difíceis, a esperança renasce na forma de novas vidas, já é uma bela maneira de encerrar e de desejar um feliz dia dos pais, não é mesmo?

 

O IF Sudeste MG parabeniza a todos os pais de sua comunidade e deseja que aproveitem a chance de deixarem aos filhos o exemplo da paternidade afetuosa e ativa. Pais, estejam perto de seus filhos para lembrar a eles quem são e o quão amados são!