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Confira a entrevista exclusiva do Reitor, sobre os dois anos de pandemia

Em um contexto mais que desafiador, viveu o primeiro ano de gestão no segundo ano da pandemia e, apesar de todos os desafios, já consegue avaliar os avanços e novidades que já conquistaram neste período.

Professor André Diniz é o atual reitor do IF Sudeste MG desde abril de 2021. Professor André, antes da Reitoria atuou por 10 anos como diretor-Geral do Campus Santos Dumont, onde teve um trabalho de destaque.

Em um contexto mais que desafiador, viveu o primeiro ano de gestão no segundo ano da pandemia e, apesar de todos os desafios, já consegue avaliar os avanços e novidades que já conquistaram neste período.

Confira a íntegra de sua entrevista:

 Professor André, em sua visão, com dois anos que passamos da pandemia, com ensino e trabalho remoto, o que aprendemos enquanto instituição?

A pandemia, claro, foi e é um grande mal para o mundo. Jamais podemos desejar uma pandemia, ainda mais nos níveis que foi a do coronavírus. Mas, precisamos destacar que ela trouxe alguns ensinamentos para a gente. Algumas quebras de paradigma.

As reuniões on-line, por exemplo, é uma grande quebra de paradigma que a pandemia trouxe. Quando fomos discutir agora os novos calendários do Codir (Colégio de Dirigentes) e do Conselho Superior (CONSU), estávamos inicialmente propondo quase todas as reuniões serem novamente presenciais, mas os membros não aceitaram. Houve uma ponderação, muito correta, que as reuniões on-line vieram para ficar. Elas geram economia de recurso, economia de tempo. Dão uma segurança maior aos servidores que evitam estar na estrada. Isso é uma possibilidade (as reuniões on-line) que vai permanecer.

O próprio trabalho on-line (teletrabalho) veio para nos mostrar que podemos ser até mais eficientes que o trabalho presencial. Hoje, por exemplo, quando uma reunião demanda a elaboração de um texto, prefiro a sala on-line, porque todos tem acesso imediato ao documento, todos podendo inserir o texto, digitar e colaborar. É mais fácil e menos dispendioso que a reunião presencial com todos tendo que levar seus computadores.

Em termos pedagógicos, fomos obrigados a encarar a tecnologia, a tecnologia da informação e comunicação (TIC) e as metodologias (metodologia ativa) como ferramentas que podem nos auxiliar nas disciplinas on-line, mas também nas presenciais. Com recursos extras, atividades extras, textos, vídeos. Criar um determinado repositório que pode auxiliar também.

Eventos, palestras, que, essencialmente, fazíamos de forma presencial, também funcionaram bem de forma on-line. Avançamos também na comunicação via aplicativo, que passou a ser muito mais utilizada neste momento e que deve permanecer.

E, por fim, a própria resiliência que adquirimos enquanto comunidade, enquanto seres humanos, a enfrentar todos esses desafios. Isso nos amadureceu muito enquanto instituição. Aprendemos que haver um regramento é muito importante.

Foram muitas reuniões e encontros para estabelecermos as regras (por exemplo) do Ensino Remoto Emergencial (ERE), para o Ensino Combinado Emergencial (ECE), o próprio Plano de Retomada. Nesse sentido, a governança ganhou caráter essencial na condução institucional.

 

Desses dois anos, o segundo ano foi também o primeiro ano de sua gestão, para você quais foram os maiores desafios deste primeiro ano, fazer a transição neste contexto pandêmico?

Então, assumir a gestão, à distância, é assumir a gestão sem o contato com as pessoas. Assumir a gestão (muitas vezes) sem o conhecimento sobre essas pessoas. Alguns pró-reitores, por exemplo, foram mais recentemente conhecer pessoalmente sua equipe.

E você ter um diálogo direto em termos de forma de atuação sem conhecer as pessoas, é bem complicado. Propormos alterações mais estruturais, requer um diálogo muito grande com a comunidade. E a presencialidade, nesse sentido, é importante.

Então, os desafios que enfrentamos e que, em certa medida, conseguimos superá-los estão relacionados a isso (assumir em um contexto sem o contato com as pessoas). Claro que, muito de nossa energia voltamos para o enfrentamento da pandemia (que teve seu pior momento em mortes e casos entre março e abril de 2021). Se não fosse a pandemia, talvez já estaríamos com outros projetos, buscando outros grandes objetivos institucionais.

Mas, com o contexto da pandemia posto, não houve outra opção senão ter como grande objetivo preparar a instituição (IF Sudeste MG) para o retorno presencial e foi o que fizemos com o Plano de Retomada.

Claro que, avançamos em outras questões que para nós era importante nesse primeiro ano, no entendimento institucional, em estruturar a forma como nossa gestão vai trabalhar. Mas, também precisamos nos ater bastante ao Plano de Retomada. E assim está sendo feito, o plano vem cumprindo seu papel.

O Plano de Retomada foi de uma grande necessidade institucional, você ter uma forma clara e objetiva de definir se você iria intensificar ou voltar atrás na quantidade de atividades presenciais disponíveis (a partir dos cenários).

Nesse primeiro ano de gestão, em termos de enfrentamento da pandemia, foi elaborarmos o Plano de Retomada. Ele estabeleceu 04 cenários. Cenário 1 totalmente remoto ao cenário 4 totalmente presencial. E com indicadores que determinam o avanço ou retrocesso desses cenários.

Um exemplo foi que estávamos no cenário 03 no início deste ano e aí a pandemia se intensificou (com a nova onda de casos devido a variante Ômicron). Os casos de contágio e morte se intensificaram e então nossos indicadores apontaram que nós deveríamos retroceder. Retrocedemos para o cenário 1 (24 de janeiro) e depois avançamos novamente para o cenário 2 (17 de fevereiro), cenário 3 (10 de março) e ontem (dia 16 de março) decidimos avançar finalmente para o Cenário 4, ou seja, com atividades totalmente presenciais. Então, o Plano de Retomada nos conduziu muito bem nesse período em que ele ficou vigente.

Agora, ele nos leva ao cenário 4 exatamente quando as primeiras unidades iniciam seus períodos letivos que, de acordo com a legislação (Lei 14.218/2021) precisam ser totalmente presencias. A equipe responsável foi muito pontual, muito detalhista e muito feliz na estruturação do plano, nas escolhas dos indicadores que deram para gente uma perspectiva muito precisa da pandemia e o que nós poderíamos fazer para poder retornar presencialmente, ao mesmo tempo em que garantimos a segurança da nossa comunidade.

 

Nesse primeiro ano da gestão, segundo da pandemia, o que você destacaria como os principais avanços em Ensino, Pesquisa e Extensão?

Desde o início da gestão nós trabalhamos na perspectiva da indissociabilidade de Ensino, Pesquisa e Extensão, que é um conceito bem difundido, mas que é muito pouco exercido nas instituições e na nossa também (antes da atual gestão).

A ideia da indissociabilidade ela é calcada em alguns pilares que são: a integração dos cursos, a curricularização da Extensão- e aqui trouxemos um grande avanço institucional que é discussão da curricularização da Pesquisa também- e, por fim, a verticalização.

Orbita ainda essa ideia da indissociabilidade, (o desenvolvimento de) áreas como cultura, esporte, inovação que são setores em que há esse encontro do Ensino, Pesquisa e Extensão.

O primeiro ano foi o ano que precisamos avançar nesse tema em específico e ações muito pontuais em cada uma das áreas, mas que de forma geral a gente se estruturou para poder nesse segundo ano começarmos uma discussão efetiva sobre todos esses temas: indissociabilidade, curricularização da Extensão e da Pesquisa e verticalização.

Entendemos que será um passo institucional extremamente relevante esse entendimento e o início das atividades indissociáveis de Ensino, Pesquisa e Extensão.

 

A tecnologia com a Indústria 4.0 veio para ficar. Os sistemas on-line, sites e redes sociais, tornaram-se essenciais para nosso fazer administrativo e acadêmico e a tendência é que isso permaneça pós-pandemia, então quais são as propostas e projetos para avançarmos nesse aspecto tecnológico e comunicacional?

Entendo que como um dos reflexos da pandemia, nosso grande objetivo é a estruturação de nosso sistema institucional, nosso SIG (SIGRH, SIGAA, SIGA-ADM, SIPAC). O SIG é um sistema de um custo caro, não só orçamentário- financeiro, mas de mão de obra mesmo, de pessoal, que está há bastante tempo sem atualização. Estamos atrasados há três anos da última versão e ainda com necessidade de investimentos em termos de infraestrutura e isso causa transtornos imensos para nossa comunidade.

Entendemos que não temos condições de resolver todos os problemas em um único ano. Mas, estamos encarando (os problemas do sistema SIG) tomando algumas decisões, muitas vezes decisões duras, difíceis, que precisam ser tomadas para que a gente possa resolver e termos um sistema mais propício ou mais condizente possível com nossas necessidades.

A primeira grande decisão que nós tomamos foi fazer o “merge”, que é a atualização do nosso sistema. Colocar o nosso sistema com a mais nova versão que está sendo lançada Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e isso gera muito transtorno. Acreditamos que por isso demorou-se tanto para tomar essa decisão. Porque às vezes, a gente não quer que a comunidade passe por alguns transtornos.

Nós entendemos que, enquanto gestão, em algum momento nós temos que tomar esse tipo de decisão e foi uma das primeiras decisões que nós tomamos na nossa gestão. Significa que, a equipe da Informática (setores de TI da Reitoria e dos campi) não vai trabalhar em outros projetos que não sejam tão prioritários quanto este (atualização do SIG).

Então, suspendemos várias outras ações, várias outras atividades para darmos foco e conseguirmos em torno de um ano e meio fazer a atualização completa do nosso sistema, que vai passar a atender a diversas obrigações que, atualmente, não são atendidas, inclusive legislações do governo federal. Começamos a ter melhorada suas funcionalidades atuais e trazendo outras, otimizando o sistema da melhor forma possível. Além disso, precisamos de investimentos, ano passado já fizemos, em termos de aumentar a nossa capacidade do banco de dados. Ainda não é o suficiente, mas nosso orçamento é muito pouco. Então, a nossa perspectiva ao longo dos anos, é fazer os investimentos e as transições necessárias para tecnologias mais modernas para nossa instituição.

 

Até o momento, você exerceu o reitorado à distância, para você qual será a grande diferença nesse momento de retomada do presencial em sua atuação a frente da instituição? Qual o impacto na agenda? Há mudanças para as reuniões voltarem a ser presenciais? Haverá mais visitas presenciais aos campi?

Em termos de agenda não me parece que teremos uma alteração significativa com o retorno presencial. Nossas agendas de trabalho já estavam sendo feitas, ainda que de forma on-line, as parcerias sendo estabelecidas, as reuniões sendo realizadas.

Em 2021, fizemos já uma rodada de visitas presenciais às unidades porque tínhamos pró-reitores que não conheciam todas as unidades, para um diálogo inicial com a gestão local, já que a comunidade ainda estava atuando de forma remota. Nessas visitas, falamos o que estava sendo feito no ano anterior (2021) e os planos para o próximo ano (2022) que é um encontro presencial que envolva não só a gestão como os servidores e os estudantes.

Outro aspecto também, é estarmos um processo de avalição da gestão por parte das unidades. É uma ação que nunca foi feito na nossa instituição e vamos implementar este ano. Isso também nos aproxima. De certa forma, isso nos aproxima muito de nossa comunidade.

À medida que somos avaliados por ela (a comunidade do IF Sudeste MG) conhecemos suas necessidades e angústias, quais são suas expectativas com relação a nossa gestão. Eu também tenho ido a muitas unidades, principalmente aquelas que estão mais carentes de recursos, negociando com as prefeituras, seja espaços físicos, seja parcerias. A visita do próprio secretário (Tomás Sant’Ana secretário da SETEC) reforça nossa intenção em estar nas unidades.

Às vezes, eu sou chamado para conhecer projetos, para debater assuntos específicos e a gente tem ido muito às unidades neste sentido. Esse é nosso entendimento, a gestão da Reitoria não pode ficar enclausurada. Ao contrário, ela é uma gestão do Instituto Federal (IF Sudeste MG). Então, nossa maior função é estar nas unidades.

 

Qual a sua expectativa para o IF Sudeste MG para este primeiro ano pós-pandemia?

A nossa perspectiva agora, nesse primeiro ano pós-pandemia, é uma perspectiva de adaptação. Não podemos achar que todos os problemas (sobre a pandemia) estarão resolvidos.

Fizemos uma transição quando saímos do presencial para o remoto. Agora, novamente, do remoto para o presencial, precisaremos de uma transição. Isso será algo muito caro para muitos estudantes e muitos servidores.

Nós precisamos estar atentos a todas essas necessidades. Perceber como a nossa comunidade vai se comportar, como vão estar os nossos índices e indicadores. Junto aos nossos cursos, junto aos nossos estudantes. E, a partir desse movimento, tentar ir adequando nossa instituição. Para que ela (a instituição IF Sudeste MG) volte a essa nova normalidade, o mais rápido possível.

Obviamente, a gente continua com nossas perspectivas, com nossos projetos. A intenção é que ainda nessa fase de adaptação a gente consiga avançar bastante com algum dos nossos projetos tanto nas áreas finalísticas, quanto nas áreas meio- Gestão de Pessoas, Administração e Desenvolvimento Institucional.

Nas áreas finalísticas, vamos continuar mantendo nossa marcha rumo à indissociabilidade, da concretização da curricularização da Extensão e da Pesquisa. Faremos agora a normatização sobre essa integração nos cursos.

Na Gestão de Pessoas, já conseguimos uma alteração significativa no que se refere a flexibilização da jornada de trabalho no ano passado (2021). A intenção esse ano é conseguir finalizar esse processo e implementar o teletrabalho, que vai ser também um ganho muito grande para nossos servidores.

Temos outros projetos institucionais. Estamos negociando com as prefeituras de termos centros de referência para as cidades e aí termos cursos, a princípio à distância, polos de educação à distância em várias cidades, aumentando a abrangência da nossa atuação. Então, será um período de transição, mas a instituição não pode parar.

Reportagem: Juliana Rodrigues