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Ensino

Evento levanta questões sobre representatividade LGBTQI+ negra no Brasil

O ciclo de palestras contou com participação da ex-aluna Lorena Medeiros, do vereador Wellington Neto e do ex-professor Vagner Peron.

A representatividade negra e LGBTQI+ foi o tema de evento organizado pelo Grêmio Estudantil e o Grupo Ubuntu no dia 7 de agosto no Campus Rio Pomba. A estudante de Ciências Humanas da Universidade Federal de Juiz de Fora e ex-aluna do curso técnico integrado em Alimentos da unidade, Lorena Alves Medeiros, o vereador e radialista Wellington Netto e o ex-professor do Campus Vagner Peron falaram sobre suas experiências pessoais e trouxeram teorias dos principais estudiosos para embasar a situação de negros e gays no Brasil.

Em primeiro plano, alunos sentados em carteiras azuis. Eles estão de costas para a câmera e de frente para os palestrantes. Ao fundo, uma mesa branca com os quatro palestrantes sentados. Há computadores e jarra de água na mesa. Atrás deles, um quadro branco.

A estudante do 3º ano do curso técnico em Informática Lavínia Silva foi responsável pela abertura. Ela apresentou o tema do evento, falando sobre a falta da representatividade tanto de negros quanto de LGBTQI+ em todas as esferas da sociedade.

Em seguida, foi a vez de Lorena contar sobre sua experiência como uma das poucas representantes negras em seu curso superior e também mostrar como a cultura brasileira foi formada ignorando os principais ícones negros. “Quem aqui sabia que Machado de Assis era negro”, questionou a palestrante, apresentando ainda outros nomes como o da antropóloga e política Lélia Gonzalez, do artista e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras Abdias do Nascimento e da escritora Carolina de Jesus. Para nomear o fato de o sistema ignorar a contribuição negra para a cultura, ela se referiu a Boaventura de Sousa Santos, por meio do termo epistemicídio (negação da cultura negra no Brasil).

Vários alunos sentados em carteiras azuis, olhando fixamente para a frente.

Wellington começou sua fala, contando que passou por preconceito por ser gay e que chegou a tentar suicídio por não saber lidar com a situação. “Mas a arte me abraçou e eu consegui ver que não havia nada de errado comigo. Não temos que buscar ser iguais a ninguém. A beleza da vida é que cada um é diferente do outro. O que interessa é a pessoa que somos e não nossa sexualidade”. Ele ainda ressaltou que os homossexuais também sofrem com comentários vindos de seu grupo. “Dentro da camada gay também tem preconceito. Onde queremos chegar com isso?”

A última participação foi de Vagner Peron. Ele trouxe ao grupo um estudo feito sobre os negros LGBTQI+ na sociedade brasileira. O ex-professor do Campus ressaltou que o negro homossexual é visto como corpo abjeto. Por ser rejeitado, ele não consegue espaço na sociedade. “Em quais locais encontramos os LGBTQI+? E no mercado de trabalho?”. Vagner mostrou levantamento que aponta que 90% das travestis acabam indo para a prostituição, mesmo tendo um bom currículo e formação, por não serem aceitas. “E será que a comunidade LGBTQI+ se importa com o LGBTQI+ negro”, levantou a dúvida.

À esquerda, um aluno em pé com a camisa com o símbolo do IF. Sentados à mesa, três palestrantes. À direita, uma estudante em pé, fazendo a leitura de um papel que está em suas mãos.