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Técnico do Ipea realiza palestra da abertura da Semana de Ciências Gerenciais

Sandro Pereira Silva traçou panorama da economia brasileira na última década, apresentando ainda os desafios para a superação da crise.
#Pratodosverem: À esquerda, há o nome e o tema do evento, além das logos do IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba e do Departamento Acadêmico de Ciências Gerenciais. À direita, uma mulher com blusa listrada e calça jeans está sentada com um notebook em seu colo. Há ainda as informações de data e que o evento é gratuito e com certificado.

#Pratodosverem: À esquerda, há o nome e o tema do evento, além das logos do IF Sudeste MG - Campus Rio Pomba e do Departamento Acadêmico de Ciências Gerenciais. À direita, uma mulher com blusa listrada e calça jeans está sentada com um notebook em seu colo. Há ainda as informações de data e que o evento é gratuito e com certificado.

Na palestra de abertura da IX Semana de Ciências Gerenciais, o doutor em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e técnico em Planejamento e Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Sandro Pereira Silva, traçou um panorama sobre a economia brasileira desde os reflexos da crise financeira norte-americana de 2008 até os dias atuais. “A gente está num contexto de altíssima complexidade, inclusive histórica. Qualquer solução simplificadora que busquemos para tentar entender, vamos estar cometendo um equívoco muito grande”, analisou.

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Ele lembrou que, até o início da década, o país experimentava uma retomada da trajetória de crescimento, mantendo o Produto Interno Bruto (PIB) o dobro dos anos 90, o superávit primário mantinha-se positivo, havia controle das contas públicas.

Para o especialista, a partir de 2009, o Governo Federal passou a tomar decisões macroeconômicas que levaram à reversão desse quadro. O incentivo a algumas cadeias produtivas via financiamento público não surtiram o efeito futuro esperado. “A ideia era que o Estado pudesse manter em um patamar desejável os investimentos do Brasil. Isso deu certo no início. Tanto que, naquele ano, houve crescimento de 7,5%, índice só alcançado na década de 70. A partir dali, as taxas passaram a ser decrescentes”.

Financiamento público

Sandro explicou que, quando o Governo ofertou os financiamentos via BNDES, o objetivo era reduzir o custo operacional do setor industrial, fazendo com que fossem fomentados novos investimentos.  “O objetivo, na época, era tirar paulatinamente a participação do investimento público. No entanto, não houve investimento privado para que isso acontecesse”.

Além disso, neste período, o Brasil enfrentou situações paralelas que não tinha controle, como a variação de preços das commodities. O economista lembrou, por exemplo, que o barril de petróleo caiu de 120 dólares para 25 dólares em curto espaço de tempo. “Houve um impacto forte na economia brasileira devido à dependência que o país tem dessas commodities”, explicou o especialista, lembrando que os estados mais afetados foram Rio de Janeiro (petróleo) e Minas Gerais (minério de ferro).

Ainda assim, em 2014, o PIB se manteve positivo, mas já com queda em relação a períodos anteriores. ”Ainda havia uma reserva de dólares suficiente para manter um controle mínimo da questão cambial. Mesmo assim, começa a ter uma variação”.

Agenda econômica guiada pela política

A partir deste momento, a agenda econômica começa a ser guiada pela questão política. Mesmo com o início da tensão, ele lembra que Dilma Rousseff conseguiu se reeleger no final de 2014. No entanto, ela não teve o apoio do parlamento. Assim, o clima hostil entre os poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e a tomada de decisões econômicas culminou com a reação de alguns grupos. “A insatisfação foi canalizada no processo de impeachment. Esses grupos econômicos presumiam que haveria estabilidade depois disso. O que se mostrou é que a solução Temer não teve êxito. Isso porque tentou-se remediar problemas novos com soluções antigas”.

Para Sandro, a estipulação do teto de gastos públicos foi mais uma decisão que somou para a não-recuperação da economia brasileira. “Não tem como prever demandas de gasto público para 10, 20 anos. O Brasil já tinha regras fiscais rígidas. Não precisava disso. O teto é irrealizável e deve ser contestado até ser retirado de vez”.

Pandemia

Em 2020, a pandemia foi mais um fato para prejudicar a retomada do crescimento. “Os governos do mundo começaram a tomar decisões para seus tecidos econômicos. O Brasil teve a ‘vantagem’ de a pandemia chegar depois de outros países. Mesmo assim, o Governo Federal não soube aproveitar isto e demorou para tomar atitudes”, avaliou Sandro, exemplificando com a Medida Provisória 936, que garante a cobertura do seguro desemprego, e a Lei 13.999, que instituiu o apoio a pequenas e micro empresas neste momento de crise.

De acordo com o especialista, o quadro só será revertido caso o Governo consiga enfrentar o desafio de manter o sistema produtivo em funcionamento, mesmo com os reflexos da pandemia, fazendo uma transformação qualitativa na economia nacional. Além disso, precisará se preocupar com as questões ambientais e de redução das desigualdades sociais.